Pra continuar....Tente

10-07-2011 01:19

 Eu ainda estava por perceber qual a vantagem de ser filha de alguém tão importante. Nos meus longos 14 anos, fechada nas terras do meu pai, prestes a completar os 15, só faltavam 5 meses para que pudesse visionar o mundo para além da grande floresta densa que protegia a propriedade por comppleto. Eu gostaria de saber para quê um baile tão grande e convidados importantes, passei 14 anos a aprender a andar, vestir, dançar, servir, falar, até tentaram ensinar-me a pensar, imagine, pensar como a Srª Lili, sim Lili Flickweet, descendência inglesa, rígida como um carvalho centenário e podemos dizer que o seu tamanho e as roupas que vestia não deixavam  nada a desejar ao carvalho.  Começou a  ensinar-me tudo que eu deveria aprender tinha eu sete anos, meu pai nunca interfiria na nossa educação e minha mãe passava todo o seu tempo a supervisionar as tarefas da propriedade e afazeres dos empregados, não é que não ligasse à nós antes pelo contrário, tudo girava em torno de nós quatro.

   Desde que me lembre, e isto deve rondar os meus quatro anos, era a Srª Clara que cuidava da nossa aprendizagem, minhas três irmãs nisto tiveram muita sorte, ela embora exigente era muito doce, calma e trazia-me sempre guloseimas das aldeias vizinhas quando saía. Ela vivia conosco durante 9 meses do ano e no fim da primavera ia sempre passar o verão à casa dos pais. No último dia em que a vi despediu-se de mim como sempre, deixando um embrulho fechado dentro do meu bolso,  eu só o  podia abrir no primeiro domingo que sucedesse sua partida, regra que eu respeitava sempre, amassava, claro, o embrulho todo até o domingo em questão para tentar descobrir o conteúdo do pacote, que por vezes nem resistia intacto e chegava ao domingo com muitos buraquinhos, mas abrir eu nunca os abria.
   Nesta última viagem de retorno à casa houve um grande acidente, e eu como era pequena e os adultos achavam que as crianças não deviam saber das coisas, passei muito tempo sem saber como aconteceu , mas sei que nunca mais vi a Srª.Clara ou as suas guloseimas; mais velha numa das minhas discussões com minha irmã sobre a Srª Lili,  desejei que ela se transfomasse na Srª Clara e soube que isto seria pouco útil, uma vez que ela ficou paralisada neste acidente, óbvio que chorei rios de lágrimas uma semana e amaldiçoei minha mãe por não termos ido visitá-la.
   Louise, minha irmã mais velha foi para a cidade estudar numa escola e Lara e Claudia tiveram que continuar os estudos com minha mãe, que andou por esses tempos muito cansada, dois anos fcou a procura de alguém que substuísse com êxito a Srª Clara, algumas senhoras chegaram a dar inicio ao trabalho, mas acabavam por um motivo ou outro por irem embora, para desespero da minha mãe, e recomeçavam as entrevistas. Um dia e desse lembro-me bem, tinha eu seis anos e meio, o Sr Claus entrou em casa acompanhado de uma senhora alta, larga, algo redonda, vestida de verde musgo num traje completo, meias castanhas a condizer com uns sapatos da mesma cor, o chapéu também castanho com uma rede que caía sobre a testa e metade do nariz, a única coisa que saía do contexto eram os óculos quadrados e grandes e dourados, eu ainda não tinha visto um carvalho com óculos. Ali estava ela, a Srª Lili, era prima do Sr Claus, tinha acabado de chegar de Inglaterra e apesar de nova, devia ter uns 25 anos, não era casada, eu entendia bem o porque, quem quereria casar com uma mulher daquelas, fria, antipática, mas minha mãe ficou logo encantada com suas referências, o Sr Claus era muito amigo do meu pai, e foi assim que a Srª Lili assumiu o dever da educação de Lara e Claudia e passados curtíssimos seis meses também a minha. Louise escapou, visto já estar na escola a dois anos e faltarem dois para completar os dezesseis e terminar o ensino básico, meus pais após longo parlamento, resolveram mante-la a salvo da Srª Lili.  
 
Querendo continuar podemos fazer um livro…..arrisque